Por: Roberson de Oliveira*
Extinguir ou não a escravidão?
Talvez essa tenha sido a questão mais relevante discutida no Brasil no século
19. José Bonifácio, já na época da Independência, alertava que a construção da
nação dependia, em grande parte, da libertação dos escravos.
Após a Guerra do Paraguai, o
problema voltou a chamar a atenção da sociedade de forma intermitente até que,
durante a década de 1880, concentrou os debates que resultaram na decretação da
Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. Apesar das inúmeras pressões, o Brasil foi o
último país a tornar ilegal uma das obras mais nefastas criadas pelo homem.
Desde a Independência, a
Inglaterra vinha exigindo do governo brasileiro ações explícitas para acabar
com o tráfico. Como resposta, foi aprovada, em 1831, uma "lei para inglês
ver", que declarava livres os africanos desembarcados em portos
brasileiros após aquele ano. Essa lei, naturalmente, foi desrespeitada milhões
de vezes, com a cumplicidade cínica das elites políticas e das autoridades do
governo, o que ajudou a consolidar a tradição que vigora até hoje no Brasil,
segundo a qual a violação da regra é a regra.
Em 1845, esgotou-se a paciência
dos ingleses. Eles aprovaram o Bill Aberdeen e passaram a reprimir o tráfico
internacional de escravos. O Brasil ainda resistiu por alguns anos, mas, em
1850, depois de várias ações inglesas contra navios brasileiros, foi aprovada a
Lei Eusébio de Queirós, que extinguia o tráfico para o Brasil.
A extinção do tráfico tornou o
fim da escravidão uma questão de tempo. Os fazendeiros começaram a tentar
utilizar o trabalho livre do imigrante. Depois de alguns fracassos iniciais, o
sistema do colonato se consolidou como uma alternativa segura e eficiente.
A abolição da escravatura nas
colônias da França e depois nos EUA jogou por terra o último argumento da
aristocracia escravista brasileira em defesa do regime.
As elites alegavam que o fim da
escravidão representava o colapso da economia do país. Identificavam assim seus
interesses particulares com os da nação. Entretanto, a realidade internacional
mostrava o contrário: nos países em que a escravidão fora extinta, o
desenvolvimento se acelerara. O "terrorismo" das elites
aristocráticas não tinha amparo na realidade.
As pressões do Movimento
Abolicionista desferiram o golpe final contra o regime. A escravidão acabou e o
fim do mundo não veio, como previam as elites decadentes e retrógradas.
*Roberson de Oliveira é autor de
"História do Brasil: Análise e Reflexão" e "As Rebeliões
Regenciais" (Editora FTD) e professor no Colégio Rio Branco e na
Universidade Grande ABC.
Fonte: UOL
Em outras palavras pode se dizer:
A Inglaterra, uma das nações mais
poderosas da época, era a que mais pressionava o Brasil para abolir a
escravidão seu interesse pode ser explicado por causa de dois fatores:
1º) O interesse em aumentar o
consumo de seus produtos no Brasil. Os negros libertos tornariam-se aptos à
comprarem os produtos industrializados ingleses.
2º) O interesse em manter os
africanos trabalhando nas plantações de algodão e nas minas de diamantes que
possuíam no continente africano.
A Inglaterra, no decorrer do
tempo foi aumentando a pressão para que o Brasil libertasse seus escravos. Esse
fato pode ser percebido nas leis impostas pela Inglaterra:
1810 – Os ingleses fizeram o
governo português no Brasil a se comprometerem a abolir o comércio de escravos.
1827 – A Inglaterra exige que o
Brasil deixe de comprar escravos no prazo de três anos.
1845 – A Inglaterra declara
guerra ao tráfico. Sua marinha recebeu autorização de bombardear os navios que
transportassem escravos.
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